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terça-feira, março 27, 2012

segunda-feira, março 26, 2012


PESSOA

Poesias de
Álvaro de Campos

TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928

sexta-feira, março 23, 2012

As últimas, mas só uma é que é de ontem...e a de ontem gosto e muito!

Aquilo que eu mais detesto:

- Gente somítica.



- Má vontade

 

- Mau humor

 

- Oscilações de humor ( tipo bomba relógio).

 

- A ruindade irreversível

 

- A incivilidade de uma conversa



- O primitivismo humano

 

Também não gosto nem de Espargos 

nem de Gaspacho .

A de ontem consegue embrulhar todas estas e dar um nó bem apertado.

 Há muito que não via, ao pedir 250gr de biscoitos, o senhor a atar a caixinha com um cordelinho, como dantes sempre se fazia.

 

terça-feira, março 20, 2012



«(...) É urgente inventar alegria,

multiplicar    os beijos, as searas,

é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.(...)»




Urgentemente - Eugénio de Andrade

segunda-feira, março 19, 2012


"Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez!"
(Nietzsche) 



segunda-feira, março 12, 2012




Love should be a reality in your life, not just a poem, not just a dream. It has to be actualized. It is never too late to experience love for the first time...




Osho

domingo, março 11, 2012




1. Today do I bake, to-morrow I brew,
The day after that the queen's child comes in;
And oh! I am glad that nobody knew
That the name I am called is Rumpelstiltskin!"

2. Today I brew, tomorrow I bake;
And then the Prince child I will take;
For no one knows my little game
That Rumpelstiltskin is my name!

sexta-feira, março 09, 2012








With Love
to Anton,
the Ortónimo



Se você está em Roma e quer ir de comboio para Turim mas, por engano, embarca em direcção a Nápoles, não basta diminuir a velocidade da locomotiva, abrandar ou mesmo parar. É preciso descer e pegar outro comboio, na direcção oposta."



Serge Latouche

quinta-feira, março 08, 2012



        C’est à toi, femme inconnue de mon pays de chimères, vallée fertile du Sion, hirondelle sur les mers de l’Arabie, étoile frémissante du petit ciel de ma chambre, c’est à toi que je parle quand dans les nuits cachées et immobiles tu m’apparais et m’incites à m’envoler dans ton eternel secret.

Je te vois, femme-fleur, corolles ouvertes à l’infini, en attendant que le soleil rouge et gris, te déguste et te mord comme le lion jaloux de sa femelle …
Il y a des jardins partout pleins de nuages aux yeux de roses, des pétales d’amour, des parterres de fantaisie mais tu préfères les champs désolés d’hiver et printemps où l’image des abeilles te parcoure et t’enchante, où les ombres des cèdres te protègent de la chaleur humaine ; fleur qui s’en va, aussitôt les cygnes des lacs inaperçus ferment les espoirs de tes rêves et projettent aux quatre vents tes graines de promesses. Symbole de fragilité, de pureté, serre humide d’un solitaire continent, tes racines se partagent en des millions d’êtres fleuris en oubliant parfois que les perles de pluie qui te donnent la fraîcheur des jours, seront aussi les larmes des amants que tu portes dans ton ventre parfumé.
Image stéréotypée de la force qui monte jusqu’au sommet des montagnes et commence à devenir distance d’aigle ou adieu de faucon ; puis quand la neige disparaît, tu restes encore, femme-fleur, lys de la vallée, mère des camélias, des giroflées, des chrysanthèmes. En effet, il suffit t’aimer profondément pour te sentir vivante, fraîche comme la chair des enfants ou comme l’ambre ou le muse qui chante les sentiments de l’âme et du corps. Tu es encore la belle saison, sa tiédeur, sa blonde lumière, fleur perchée sur la colline de mes vacances, tu restes pour beaucoup de monde l’idéal fragile d’un repos parfumé du brouillard du matin. Et tu ne le restera longtemps.
Je te vois aussi femme-fantôme de mes nuits d’angoisse devant les miroirs qui remplissent la route de mon avenir.
Immobile et sévère, ne sachant plus où aller, devinant mes pensées, mes désirs, mes émotions, tu es le phare sur le rocher de notre solitude.
Pourquoi tu te transformes ? Ah, je me rappelle déjà, quand tu te mouvais, tu m’emmenais à la campagne, nos chiens par la main, tous les dimanches la même récompense comme une aumône bénie aux mains de Dieux et des hommes. Nous remontions les petites routes joncées de feuilles humides et noires jetées par le vent du nord… et puis je te regardais, tes joues rouges de froid et tes yeux transparents de joie et bonheur. Nous longions les prés humides sur lesquels s’étalaient la rivière débordée. Plus de roseaux, plus de nénuphars, plus de fleurettes. Peu à peu le dégel venait sur ton visage et bientôt un ciel triste et gris s’étendait sur nos têtes comme une chanson d’automne. Ni hommes, ni bêtes ne sortaient plus ; ton coin du feu révélait la vie cachée de ta jeunesse lointaine et les minces filets de fumée que ta bouche laissait sortir de temps en temps défilaient un à un dans le long chemin où s’est déroulé ton passé. Tout semblait mort ; les saules de la rivière, la plaine, les haies, les champs. Tes mains de tendresse et travail n’étaient plus qu’un oiseau triste dans le paysage et ton corps s’est courbé jusqu’à terre et les hommes se sont moqués de toi. Puis, fatiguée d’avoir marché (la route est longue), comme une statue ou une cloche tu t’es mélangée aux formes des églises, fantôme invisible que la lumière attire… fantôme de mes histoires « il était une fois », rayon au large de la mer perdue dans la nuit. Je t’appelle encore de mon abîme et j’espère te revoir remonter l’escalier de mes pas.
Viens, les brumes du soir nous attendent, la porte de ton château est encore ouverte, ton air souriant, ton âme est la pierre construite aux murailles massives de la dignité est entouré de fossés profonds qui te défendront contre toute l’attaque de l’ennemi. Alors installe-toi par exemple, dans les salons de dance d’autrefois et attends un prince enchanté qui viendra le soir de ta passion et t’épousera comme le paysan qui se marie avec le foin de ses vergers à la fin des pluies d’Avril…
Héroïne fermée dans le mont Saint Michel, sur des cartes postales, on est toujours émerveillé quand on te trouve au bord des routes, en face de la vie, religieuse en lieu de pèlerinage, sable mouvant de toutes les mers de révolte.
Et tu ne te vends pas à la marée basse, aux ruelles tortueuses, aux pierres sculptées dans tes seins ; à la mesure que tu t’approches des mains que te recherchent et te défleurent, ta silhouette grandit et laisse distinguer les mille détails qui forme ta masse de granit ton extraordinaire beauté. Combien d’artistes ont contribué aux cours des siècles a édifier la cathédral de ta gloire, ton château de vitraux et de mystères ?!
D’autres ont voyagé à travers les nuages de ta solitude. Ils voulaient des photos, des romances, des souvenirs. Tout est facile à vingt ans ! Puis ils se remettaient en chemin sous les pommiers déjà lourds de fruits, à travers tes bras luisants de soies et velours. Et douce et monotone, ton image massive et muette est sur la place du marché, dans le bois blanc des sapins, sur les bancs des jardins, sur les trottoirs de la petite ville, sur la girouette de nos maisons d’hiver. Tu as copié des sculptures la douce nature du pays, tu as reproduit la glace que Dieu a répandue à pleines mains sur les visages des anges de tous les temps.
Les saints de pierre qui nous racontent leurs douleurs et leurs espérances anciennes, ce sont les fenêtres de tes horizons, collines boisées des vallées riantes…
Pourquoi écrire ce texte sur la femme ? Puisque j’ai décidé de le rédiger, il faut que je le fasse honnêtement pour lui donner le lieu d’honneur qu’elle mérite. Je comprends bien qu’elle est fière de son importance, de ses charmes, de ses plaisir…
Elle est le dialecte universel qu’on parle partout et par tous, seigneurs et esclaves, rois et serviteurs ; femme-guirlande de mes fêtes d’ailleurs, elle est le papillon sur les feuilles de mes boutons d’or, cigogne sans nid sur les toits des églises.
Et quand tu sors pour chercher fortune, ton panier de courage sur la route des renards, l’arc-en-ciel se répand autour de ton image, et tu prends la grandeur et la dimension du sourire d’un père noël devant la cheminée des enfants.

Tu suis l’appel des cyprès noirs accompagné par la musique des cigales cachées dans les pâles oliviers qui couvrent ton corps d’or et de dentelles.
Tu suis le chemin inconnu des hommes, voie maritime d’un naufrage d’espoir, passagère pressée de partir quelque part dans le monde, à l’heure où tous les ports sont fermés et les pierrots de tes royaumes disparaîtront dans les eaux limpides des canaux de Vénice.
J’applaudirai, comme tout le monde le devra faire, le jeu sanglant de tes misères, le murmure de tes prières, trajet infini de souffrance, de victoire, de miracle…
Protestante, juive, musulmane, croyante ou athée, ta foi mystérieuse t’a emmenée aux pages bénies des contes de fées de nos poèmes d’enfants. Je veux bien, tu sais, saluer la barrière que tu as dépassée chargé du poids de nos péchées de tous les jours, chanter l’héroïsme où tu as fondu le bronze de tes médailles, et couvrir de coquelicots la poussière des chemins frottés par tes pas.
Quand j’aurai fini mon harmonieux article tu seras encore là, sur la terrasse qui domine les montagnes et les précipices, gardant les berceaux dans lesquels dorment les torrents de nos vies, parfois marécageuses et désertes.
D’instant en instant le bruit de tes mots doux et gai parcourira le mur de nos ancres tardives et rougeâtres. Les prairies inondées qui bordent les quais de tes couleurs argentées seront les matins de ta bouche innocente au milieu du jeune blé, vert et frais.
Le tout de ton printemps sera encadré de bois et de ciel, de flammes et de chênes dorés. Sur la tête coiffée de légendes de saints et de sorcières, le bûcheron abattra le tronc centenaire de tes forêts de feu et de lave.
Comme un navire secoué par les vagues, mais qui ne sombre pas, nous savons que tu vas contre vents et marées pour arriver sur les plateaux fertiles et dans les plaines verdoyantes, pour offrir aux étoiles, des hameaux dessinés au milieu des ruisseaux où tourne la roue des moulins.
Tu as le privilège d’écouter les voix des matins bleus sur les falaises blanches de tes matelots pendant que le voyage n’arrive pas à la mer de tes soucis.
Enfin, dès l’aube au coucher, tu t’allonges par terre dans ta belle fourrure blanche toute tachée de sang, puis tes ailes de géant prennent la force de l’ours sauvage et alors, ton nom de femme vole sur l’esprit du courage, lac éternel où boivent tous les hommes.
Tu traînes la charrette de nos murmures d’amour, orchestre infinie de chœurs étouffés, tu fais la ronde infaillible de nos pas imprécis et ensuite satisfaite de ton destin tu rêves encore de chars fleuris, cortèges de bergers, trains de neige…
Ton cœur de plumage a été dévoré d’amour pendant des siècles entiers mais voilà qui descendent sur tes paupières les journées ardentes de millions d’astres perdus de charité et de gratitude…
À ce moment la pluie tombe.
De grands nuages semblent chercher dans mes feuilles le message illuminé que tu as proportionné à mes heures perdues, et aujourd’hui comme hier, je te vois, reine de notre existence, raison de toutes les choses, femme-fleur, fantôme, château, putain ou nuage, je te vois nue sur les branches de lierre au coin de l’humanité, laissée là par hasard… 

terça-feira, março 06, 2012

Ficheiro:Blue Linckia Starfish.JPG

Boa noite...
Karingana Wa Karingana
    (era uma vez...)



 ONG: “Enviem um livro para Timor”

Publicado em 05 de Março de 2012.

Decorre até 15 de Abril a campanha de recolha de livros para Timor: “Um Livro, Um Sorriso”. A iniciativa conta com a organização da ONG Karingana Wa Karingana, em cooperação com Governo de Timor, e tem os CTT como parceiros da campanha. Os correios de Portugal irão disponibilizar os meios necessários para a recolha de livros.
Para contribuir para a causa, basta ir a um balcão dos CTT, em qualquer ponto do País, e depositar desde enciclopédias, gramáticas, passando por dicionários, livros técnicos, manuais escolares de português e matemática até livros infantis. Posteriormente, os mesmos serão enviados para Timor, de acordo com o jornal Briefing.
“Lançámos esta campanha num ano que se reveste de grande simbolismo no âmbito das relações entre os dois países: assinalam-se os dez anos da independência de Timor-Leste e comemoram-se os 500 anos da chegada dos portugueses a Malaca e à ilha de Timor. Estamos certos que os portugueses, povo solidário por natureza e com forte ligação aos países da Lusofonia, apoiará de forma massiva esta campanha para Timor, tal como o fez para Moçambique”, explicou o presidente da Karingana Wa Karinagana, Tiago Bastos.
Bufalino: Uma casa sobre rodas para o tempo de austeridade

Bufalino: Uma casa sobre rodas para o tempo de austeridade

O conceito foi criado pelo designer alemão Cornelius Comanns para o seu projecto final de curso, e tem como objectivo satisfazer as necessidades  básicas de qualquer pessoa durante uma viagem.
Apesar de manter a estrutura de um veículo, o seu interior foi completamente modificado e adaptado às necessidades quotidianas do seu condutor, tais como dormir ou comer, avança o blog Design Boom.
Por exemplo, para além do banco do condutor que poder ser transformado numa cama, o veículo-casa tem ainda gavetas que permitem arrumar os mais variados objectos e roupa, candeeiros para iluminar, fogão e reservatório de água. Tudo num espaço reaproveitado que visa oferecer ao seu proprietário uma maior comodidade mesmo em andamento.
O modelo é inspirado no ciclomotor de três rodas APE50 da marca italiana Piaggio.
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